MACHO.cades
MACHO.cades [2024]: O projeto MACHO.cades é uma continuidade do Projeto MACHO.cados (2022), a partir de uma nova abordagem, na qual a artista busca ampliar e diversificar o público alvo da proposta. Ainda que com identidade similar ao projeto anterior.
O projeto Macho.cades busca dar continuidade ao debate e reflexão sobre as diversas violências sofridas com base no machismo estrutural. Porém, agora busca-se ampliar o espectro da participação e dos depoimentos da comunidade LGBTQIAPN+, abrangendo toda sua diversidade e pluralidade.
Se em MACHO.cados refletimos sobre uma historicidade na qual meninos e homens são criados para a força, coragem, combatividade, virilidade, dominação, em oposição à criação de meninas e mulheres como frágeis, amedrontadas, subjugadas, dominadas. Quando transpomos essa discussão para o lugar da neutralidade, dos gêneros e corpos que não se enquadram no binarismo macho-fêmea, encontramos seres humanos vivendo lugares e situações de ainda maior vulnerabilidade, autoquestionamentos e apontamentos inquisitivos.
A busca de um ideal de masculino que se estabeleceu e se fortaleceu ao longo da história tem reiterado que, quanto mais o homem se afasta do universo feminino, “mais homem” ele será. Essa lógica binária simplista que, em termos práticos, inibe ou constrange o homem de usufruir ou desenvolver potenciais sensíveis e práticos que a sociedade estimulou nas mulheres, como, por exemplo, expressar tristezas, medos, sofrimentos, dificuldades, autocuidado, constrangendo-os à busca de suporte médico ou psicológico, trazendo prejuízos, inclusive, para a saúde mental e física dos homens. Como não considerar aquelas pessoas que socialmente são empurradas às margens como dissidentes e até “anormais”? Se a própria discussão linguística da substituição das vogais “A” e “O” pela vogal “E” vem carregada de problematizações exacerbadas, julgamentos preconceituosos e até deboches, como deixar de refletir sobre o sentimento dessas pessoas que são dissidentes desde o âmago de seu ser?
Indo além, ainda por uma reflexão primordial sobre o machismo (ideologia que estrutura o pensamento social por meio da ideia de supremacia e dominação do macho e da virilidade), permanece a referência pejorativa a homens hétero ou homossexuais quando se aproximam demasiado de estereótipos femininos, resultando em sabidas situações de linchamento e violência social. Ou seja, o raciocínio implícito na homofobia contra homens se deve por questões oriundas do próprio machismo. Quando um homem foge às ditas "regras da masculinidade", já pode ser enquadrado como alvo de preconceito em uma sociedade machista. Entretanto, quando em referência às pessoas transgênero, ou ainda sobre a não binaridade, o preconceito é potencializado, chegando inclusive a própria invalidação do ser que está fora do espectro normativo da sociedade.
Entendemos, mediante a consolidação e sobreposição desse modelo de masculinidade tóxica em nossa realidade social, que o tema deve seguir sendo ampla e criticamente discutido, dado os prejuízos individuais e sociais causados pelo machismo cultural institucionalizado. Gerando, a partir disso, informação e conscientização para possíveis mudanças e quebras de paradigmas. Devendo, contudo, ir muito além. Não somente pela busca do equilíbrio entre o masculino e o feminino, mas sim sem a necessidade de apontar lados. MACHO.cades é a busca pela não-imposição de masculino e feminino, é a fluidez que vai além daquilo que as pessoas esperam. Existem muitas identidades e cada pessoa pode ter uma compreensão diferente de si.
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