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MARIAS & MADALENAS

Marias & Madalenas [2018]: retrata a dualidade dentro do universo feminino pelas imposições sociais e culturais que as mulheres carregam por séculos e que causam tanta rivalidade e julgamento entre elas. Santas ou profanas? Santas e profanas. Somos uma... Somos muitas... Somos todas... Divinamente sagradas, sagradamente profanas, profanamente humanas.

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"A Prostituta Sagrada é um arquétipo como qualquer outro na psique das mulheres. Sua importância como forma de incorporação e manifestação da deusa foi deturpada, rompida junto à imagem de um asceta castrador e seu puritanismo moral. Isso causou um grande desfavor: a maioria das mulheres não está sendo capaz de mantê-la mais perto enquanto desempenha outros papéis sociais importantes. 


O resultado: A esposa não pode ser a prostituta, a prostituta não pode ser uma mãe adorável, presente e carinhosa. Nos diz sutilmente que a uma boa menina não cabe gozar e provocar paixões em um êxtase dionisíaco. É muito triste que “mulher para se casar e pra comer” ainda seja uma ideia tão fortemente enraizada na mente de homens e mulheres: um poderoso clichê patriarcal. 
 

Aliado ao estudo da Mitologia Grega, um dos meus temas de maior interesse sobre a natureza feminina, pude compreender que a confusão entre essência e identificação arquetípica é resultado de um molde patrilinear que rotula, limita, segrega. Nas antigas civilizações arcaicas, as deusas se manifestavam multifacetadas, e as prostitutas sagradas, como um dos muitos (e importantes) aspectos dessa nossa tecedura anímica. 


Interessante observar que, sempre que uma mulher dá espaço para “sua prostituta”, ela fica mais interessada em sexo, em aprender sobre sua sexualidade, sobre si mesma e seus poderes. Ela parece mais saudável, mais presente, mais bonita ... ela ri mais, fica mais confiante em si própria, adquire uma nova vitalidade e força de vida: não é de se questionar o porquê deste corte em nossos instintos e desejos, além da punição contra a felicidade eterna do senhor deus e suas severas leis que atuam inconsciente contra uma mais que necessária permissão: a transmissão da potência feminina de forças ctônicas e espirituais através de nosso ardente corpo de mulher. 
 

Boas vindas às prostitutas que habitam dentro de nós, em nosso lar... doce lar!"

Texto por Morena Cardoso @danzamedicina 

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